PF prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, em operação sobre esquema de R$ 12 bilhões em títulos falsos
A Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro, dono e presidente do Banco Master, na segunda-feira (17), no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Segundo as investigações, ele tentava deixar o país em um jato particular com destino à Europa. A prisão ocorreu horas após o anúncio da venda do Banco Master ao grupo Fictor Holding Financeira.
A operação da PF, chamada Compliance Zero, investiga a emissão de títulos de crédito falsos, especialmente CDBs ofertados com promessas de rentabilidade até 40% acima da taxa básica de mercado. De acordo com os investigadores, o esquema pode ter movimentado cerca de R$ 12 bilhões.
Operação Compliance Zero: o que motivou a prisão
As investigações começaram em 2024 após uma requisição do Ministério Público Federal. A suspeita é que o Banco Master tenha fabricado carteiras de crédito sem lastro real, revendidas a outra instituição financeira. Durante fiscalização, o Banco Central detectou que alguns desses títulos foram substituídos por ativos sem avaliação técnica adequada, caracterizando irregularidades graves.
A PF apura crimes como:
- gestão fraudulenta,
- gestão temerária,
- organização criminosa,
- e emissão de títulos insubsistentes.
Além de Vorcaro, outros seis mandados de prisão foram cumpridos, incluindo diretores e sócios do banco. Foram realizadas ainda 25 buscas e apreensões em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e no Distrito Federal.
PF diz que havia tentativa de fuga; defesa nega
Segundo os investigadores, Daniel Vorcaro passou a tarde na sede do banco e, após o comunicado da venda, deixou o local de helicóptero rumo a Guarulhos. No terminal da aviação executiva, um jato particular estaria preparado para decolar para Malta.
A PF afirma que havia clara intenção de deixar o país, temendo as repercussões da venda e das investigações. A defesa, por outro lado, alega que o destino final seria Dubai, onde o empresário supostamente teria uma reunião de negócios com investidores ligados à compra do banco.
Mesmo assim, após audiência de custódia, a prisão foi mantida. A defesa deve ingressar com pedido de habeas corpus.
Banco Central decreta liquidação extrajudicial
Na manhã seguinte à prisão, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master e tornou indisponíveis os bens dos controladores e ex-administradores. Com isso, a venda ao grupo Fictor foi automaticamente suspensa.
O BC também apontou que o banco enfrentava dificuldades financeiras e dependia de aporte imediato de capital — estimado em R$ 3 bilhões pela proposta da Fictor.
Tentativas anteriores de venda: o caso BRB
Antes da negociação com a Fictor, o Banco de Brasília (BRB) tentou adquirir o Master. A proposta chegou a ser aprovada pelo Cade, mas foi barrada pelo Banco Central, que apontou falta de documentos essenciais para comprovar a viabilidade da operação.
O acordo original previa que o BRB ficaria com:
- 49% das ações ordinárias,
- 100% das preferenciais,
- 58% do capital total.
A operação não avançou.
Como a prisão afeta clientes e investidores
Com a liquidação extrajudicial, o Banco Central assume temporariamente a administração da instituição. Durante esse processo, contratos, financiamentos e aplicações passam por análise e reorganização.
Em cenários como esse, é comum que clientes busquem esclarecimentos sobre:
- taxas cobradas,
- eventuais cobranças indevidas,
- juros acima do permitido,
- renegociações,
- e validade de contratos firmados com a instituição.
Empresas que atuam na análise e revisão de juros abusivos, como a Cote Juros, observam aumento na procura em momentos de instabilidade bancária. Isso ocorre porque consumidores passam a revisar financiamentos, empréstimos e contratos assinados com instituições envolvidas em investigações, buscando identificar cobranças irregulares e recuperar perdas.
O que o caso revela sobre o sistema financeiro
A prisão de Daniel Vorcaro e a liquidação do Banco Master reforçam preocupações sobre:
- transparência na emissão de títulos de crédito,
- governança de instituições financeiras,
- confiança do mercado,
- e proteção ao consumidor.
A operação Compliance Zero também envia um alerta às instituições: práticas como gestão fraudulenta e oferta de produtos financeiros irregulares estão sob monitoramento constante do Banco Central e da Polícia Federal.



