Banco Master: Deputados do DF pedem investigação sobre uso de recursos públicos em esquema de R$ 12 bilhões revelado pela PF
Operação aponta indícios de fraude em transações entre BRB e Banco Master, envolvendo mais de R$ 12 bilhões em títulos de crédito falsos.
A prisão de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, durante operação da Polícia Federal, desencadeou uma reação imediata na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Parlamentares da oposição — especialmente das bancadas do PT e do Psol — articulam a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as operações financeiras entre o Banco de Brasília (BRB) e o Master, que podem ter envolvido o uso indevido de recursos públicos.
Segundo o requerimento apresentado na Casa, há suspeita de que o BRB teria atuado para socorrer o Banco Master em meio à crise de liquidez da instituição, gerando risco ao erário e violando princípios básicos da administração pública.
O documento afirma que existem sinais de “socialização de prejuízos privados com dinheiro público”, além de indícios de favorecimento indevido e ingerência política. Até agora, seis deputados assinaram o pedido — a abertura da CPI exige oito assinaturas.
Sessão esvaziada e pressão por investigação
Durante a sessão desta terça-feira (18), esvaziada pela ausência de deputados governistas, a oposição reforçou a urgência da investigação.
O deputado Gabriel Magno (PT) afirmou que a diretoria do BRB deveria ser afastada imediatamente:
“O que está acontecendo é muito grave. O governador deve explicações à sociedade.”
Outro ponto de tensão é a defesa pública que o governador Ibaneis Rocha (MDB) fez da compra do Banco Master, argumentando que a operação seria necessária para “evitar riscos sistêmicos”. Deputados da oposição chamaram a aprovação da compra — realizada em ritmo acelerado pela Câmara — de “recorde” e “injustificável”.
Esquema de R$ 12,2 bilhões em títulos falsos
Além das suspeitas envolvendo a tentativa de aquisição do Master pelo BRB, a operação da Polícia Federal e documentos revelados pela imprensa apontam para um esquema de R$ 12,2 bilhões em títulos de crédito falsos movimentados entre janeiro e maio de 2025.
A apuração indica que:
- R$ 6,7 bilhões teriam sido lastreados por contratos fictícios;
- R$ 5,5 bilhões foram registrados como “prêmios”, também sem lastro;
- A transação foi utilizada para gerar artificialmente liquidez e mascarar o rombo do banco.
Diante das suspeitas, a Justiça do Distrito Federal autorizou o bloqueio de bens do Banco Master, do BRB e dos envolvidos no esquema, totalizando R$ 12,2 bilhões.
O Governo do DF afastou o presidente do BRB, Pedro Henrique Costa, substituído por Celso Eloi de Souza Cavalhero. A administração afirma que reforçará mecanismos internos de governança e compliance.
Posicionamento oficial do Governo do DF
Em nota, o governo afirmou que o BRB segue com plena capacidade operacional e que não há risco à solvência do banco.
A gestão se comprometeu a acompanhar as apurações e colaborar com os órgãos fiscalizadores, destacando que o objetivo é proteger o patrimônio público.
Como começou a crise
O interesse do BRB em adquirir o Banco Master teve início em março, em uma negociação avaliada entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões. A operação causou preocupação imediata entre especialistas em finanças públicas, devido ao risco de prejuízo ao DF.
Em abril, o Ministério Público do Distrito Federal abriu um inquérito civil para investigar a legalidade da aquisição. A Justiça suspendeu a compra, afirmando que havia risco concreto de danos à coletividade.
Mesmo com as controvérsias e a situação delicada do Banco Master — que já sofria questionamentos sobre seus ativos — a CLDF aprovou a compra em 19 de agosto, com 14 votos favoráveis.
O que isso representa para o consumidor e para o sistema financeiro
A operação da PF que levou à prisão de Daniel Vorcaro revelou a fragilidade dos mecanismos de controle de risco utilizados por algumas instituições financeiras, especialmente no que diz respeito à emissão e lastro de títulos de crédito.
Fraudes dessa natureza podem gerar:
- Risco sistêmico para o mercado financeiro;
- Perdas bilionárias para investidores;
- Danos ao setor público, quando operações envolvem bancos estatais;
- Necessidade de maior transparência e auditoria independente.
Como a Cote Juros entende o impacto para o cidadão
Casos como o do Banco Master reforçam a importância da revisão rigorosa de contratos financeiros e da análise minuciosa de operações envolvendo crédito, juros e investimentos.
A Cote Juros acompanha de perto casos de práticas abusivas, riscos financeiros ocultos e irregularidades em contratos de instituições de grande porte — sempre com foco em esclarecer o consumidor e contribuir para um mercado mais transparente.




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