Banco Master: FGC aciona maior operação de resgate da história, envolvendo R$ 41 bilhões
A liquidação extrajudicial do Banco Master desencadeou a maior operação de resgate já realizada pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em toda a sua existência. A decisão, tomada pelo Banco Central, acionou um mecanismo de proteção crucial para o sistema financeiro e colocou em evidência o impacto do caso no mercado brasileiro.
De acordo com o FGC, as instituições ligadas ao grupo Master somam cerca de 1,6 milhão de credores com valores elegíveis à garantia, alcançando um montante estimado de R$ 41 bilhões. A dimensão do ressarcimento já supera, com larga vantagem, o histórico caso do Bamerindus, nos anos 1990.
Operação supera o caso Bamerindus, até então o maior resgate
Até então, o maior desembolso feito pelo FGC havia ocorrido em 1997, quando a quebra do Bamerindus exigiu cerca de R$ 3,7 bilhões, valor que hoje, corrigido pela inflação, se aproximaria de R$ 20 bilhões.
O caso do Banco Master praticamente dobra esse número, inaugurando um novo marco na história das garantias bancárias brasileiras.
Como funciona a cobertura do FGC
O FGC é responsável por proteger depositantes e investidores em caso de intervenção, liquidação ou falência de instituições financeiras. A cobertura vale para pessoas físicas e jurídicas dentro dos limites previstos em regulamento:
- Até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição financeira
- Limite global de R$ 1,6 milhão a cada ciclo de quatro anos, considerando múltiplos eventos de quebra no período
- Cobertura válida para instrumentos como:
- conta-corrente
- poupança
- CDB
- LCI
- LCA
Aplicações fora desse escopo — como debêntures, CRIs, CRAs, fundos de investimento e ações — não estão cobertas.
Por que o caso do Banco Master teve impacto tão grande?
Três fatores principais ajudam a explicar a proporção inédita dessa operação:
1. Número elevado de correntistas e investidores
O grupo Master expandiu agressivamente sua base de clientes nos últimos anos, sobretudo no varejo e em operações estruturadas.
2. Volume expressivo de produtos garantidos
Boa parte dos recursos estava alocada em produtos cobertos pelo FGC, aumentando o valor total de proteção exigido.
3. Conexões com outras instituições do grupo
A liquidação afetou não apenas o banco principal, mas outras empresas financeiras associadas ao conglomerado, ampliando o alcance do resgate.
O que os clientes precisam fazer agora
O FGC orienta que os clientes aguardem as instruções formais sobre o procedimento de ressarcimento, que deve ocorrer de forma faseada, como normalmente acontece em grandes liquidações.
O processo costuma envolver:
- identificação dos saldos elegíveis;
- verificação documental;
- liberação dos valores via instituição pagadora designada pelo FGC.
Até o momento, o Fundo não divulgou o cronograma completo de pagamentos.
Acompanhamento e orientação especializada
Empresas e consultorias especializadas no mercado financeiro têm acompanhado de perto o caso. A Cote Juros, que atua com análise de contratos e proteção ao consumidor, destaca que situações como esta reforçam a importância de compreender os limites de garantia, os tipos de produtos protegidos e os direitos previstos em lei.
Segundo especialistas, o episódio deve provocar uma revisão mais ampla sobre:
- práticas de supervisão bancária,
- mecanismos de transparência ao investidor,
- e estratégias de gestão de risco por parte das instituições financeiras.
Impacto no mercado financeiro brasileiro
A liquidação do Banco Master e a subsequente mobilização do FGC têm potencial para influenciar:
- a confiança dos investidores,
- a competitividade entre bancos médios e grandes,
- e a percepção de risco em aplicações tradicionais.
Apesar da dimensão histórica, analistas afirmam que o sistema financeiro brasileiro permanece sólido e bem regulado, justamente por mecanismos como o FGC.
Conclusão
A maior operação de resgate já realizada pelo FGC marca não apenas um episódio histórico para o sistema financeiro brasileiro, mas também um alerta sobre os riscos envolvidos na relação entre instituições financeiras e investidores. A liquidação do Banco Master escancara fragilidades internas, amplia o debate sobre supervisão regulatória e reforça a importância de entender os limites e garantias que protegem o consumidor.
Para quem deseja compreender o contexto completo — especialmente os motivos que levaram à liquidação e à prisão de Daniel Vorcaro — recomendamos a leitura deste artigo complementar:
PF prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master – entenda o caso completo
A combinação desses dois acontecimentos mostra como práticas irregulares podem desencadear efeitos em cadeia, impactando milhões de clientes e exigindo ações extraordinárias de órgãos como o FGC e o Banco Central.
Mesmo diante do cenário de instabilidade, especialistas ressaltam que o sistema financeiro brasileiro segue robusto, justamente pela existência de mecanismos de proteção como o FGC — cuja atuação, mais uma vez, demonstra sua relevância.



